Acordei com o texto novo na cabeça e, cá está ele! Na verdade, dormir ontem foi bem difícil... O corpo ficou cheio de adrenalina! Mas, o cansaço me venceu e, adormeci feliz da vida e, com o joelho roxo de uma pancada na subida da pedra!
Superar o medo é difícil, mas, não impossível!
Não
me considero uma pessoa muito corajosa, porém, sei que não sou uma
frouxa total! Na verdade, não saberia me classificar quando o parâmetro é
medo! Nunca fui adepta de esportes radicais e, ando
com restrições para alguns programas, baseadas nos riscos que os mesmos
podem me trazer...
Sei
que dormir em acampamento, locais muito insalubres e, sem um mínimo de
conforto, já não me atraiam quando eu era jovem, agora então, atrai
menos ainda. Reconheço que fiquei mais seletiva.
Duas
semanas atrás, do nada, liguei para uma amiga e ela na bucha me disse:
Eu estou me inscrevendo para ir num rapel, vamos comigo? Pedi um tempo
para pensar e, em 5 minutos, decidi que ia, mesmo
sem saber o que me esperava. Na verdade, ela já tinha me chamado outras
vezes e, nunca dava! Decidi que tava na hora de ousar no programa do fim
de semana...
Sempre
gosto de investigar um pouco antes de fazer um passeio mas, nesse em
particular, eu resolvi ir às cegas. Sabia que ia ser um passeio
diferente pois, era algo que sempre tive vontade de fazer
e, por inúmeras circunstâncias, nunca tinha conseguido. Avaliei apenas a
possibilidade de sair de minha rotina.
Sabia
que era um programa para testar meu medo mas, eu não imaginava o
quanto. Só para vocês terem uma ideia, nem sabia qual era o nível de
dificuldade, o que era algo bem importante de saber antes.
Na escala de dificuldade, que vai de 1 a 5, esse rapel era 2, o que já
foi muito para uma iniciante.
Acredito
que, se eu soubesse dessa variável, eu não teria ido! Foi mais
interessante ir assim. Num grupo de 12 pessoas, as descidas são em ordem
e, eu e minha amiga ficamos como a última dupla para
fazer o rapel. Iniciar não era uma coisa que me encorajou e, achei
melhor, ver todos descer antes...
O
grupo tinha 3 condutores e, cada dupla, descia com um deles. Fiquei
algumas horas, muito bem deitada na Pedra Furada só conversando com a
galera e, quando comecei a ver as pessoas descendo, fui me
dando conta do que ia fazer logo em breve e, aí, comecei a ficar meio
nervosa.
Quando
vi o percurso que iria percorrer (a pedra tem 50 metros de altura), eu
comecei a querer amarelar. Depois, quando o condutor começou a colocar o
equipamento, foi repensando mas, decidi que não
voltaria atrás. Deu uma vontade de fazer xixi, fui dando uns risos
nervosos, enfim, o desespero quis bater a porta!
Todo
mundo quando descia, estava falando da surpresinha na subida da pedra
mas, eu confesso que não tinha ideia do que me esperava. Quando
começamos a subir, vi o que era a surpresinha e, quase tive
um piripaque! Dei o comando para meu cérebro mas, as pernas não
obedeciam! Minutos bem tensos para mim.
A
gente precisa se prender numa corda e ir deslizando o corpo numa pedra,
até conseguir subir. Eu me agarrei com tanto amor nessa pedra, que
parecia que era uma pessoa querida que eu não via há anos...
É muito sinistro e, esse, foi um dos momentos que eu tive mais medo em
toda minha vida! Estou com as pernas cansadas até hoje, depois de tanto
esforço!
Depois
de saber que isso é o mais difícil, fiquei mais confiante na descida,
que era o que eu mais tinha curiosidade de sentir a sensação. Os
condutores sabem orientar muito bem nossa descida e, mesmo
como muito medo, me vi pendurada naquela imensa pedra. As explicações
dos meninos fez toda a diferença!
Fiz
tanta força nos meus braços que, por alguns minutos, o condutor segurou
para mim a corda! Depois de passar o pavor inicial, comecei a curtir a
descida e relaxei um pouco mas, ainda fazendo uma
força enorme na corda. A sensação de não ter amarelado foi edificadora!
Sei que é uma atividade muito perigosa, não é indicada para qualquer
pessoa, é preciso ter uma boa preparação física e, um bocado de coragem,
reconheço!
Quando
vi as fotos e os vídeos de minha descida, nem eu mesma acreditei que
fiz aquela façanha! Descobri que tenho mais coragem do que imaginei. Saí
mais fortalecida do que cheguei, isso é certo! Pretendo
fazer outros mas, com um nível de dificuldade menor. Descobri que tem
uns em pedras de 15 metros, em cachoeiras e, que eu deveria ter começado
por um assim, não nesse tão difícil!
O
saldo de tudo isso é: fazer um programa sem saber muito que vem nele,
pode ser uma experiência muito boa ou muito traumática. Para mim, foi
boa, mas, avaliei muito a ação do medo nas nossas vidas
e, vi o quanto ele pode nos paralisar e fazer amarelar... Eu não deixei
ele me vencer e, foi maravilhoso!
Flávia Guerra (27/01/2020)
Show o texto Flavinha. Amei quando vc fala que não deixou o medo vencer. Foi exatamente assim que me senti. Que venham as próximas.
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