Esse texto foi quase "encomendado" para uma tarefa de meu trabalho mas, não posso deixar de postá-lo aqui para vocês. Que a leitura seja cada vez mais incorporada nas nossas vidas!
Flávia Guerra.
Quando será que as pessoas terão noção do valor da leitura?
Ler e escrever podem parecer atitudes tão banais, para nós que exercemos essas atividades com uma relativa facilidade, que nem nos damos conta da preciosidade que temos nas nossas mãos.
Num país de altos índices de analfabetismo e com o analfabetismo funcional cada vez mais comum, saber ler é um privilégio que nem sempre é percebido, dado a sua incorporação natural às demais tarefas do cotidiano.
Gostar muito de ouvir músicas e aprender as letras com certa facilidade é um dom que tenho desde muito pequena, adorava e ainda adoro, na verdade, comercias de TV com música, aprendo num piscar de olhos.
Penso que aprender a ler me fez ser o pesadelo de meus pais e todos colegas pois, lia todos os outdoors, as placas de carro, as capas de revistas, qualquer coisa que eu pudesse mostrar para as pessoas que as letras agora tinham um significado, não eram mais só símbolos perdidos.
O mais desafiador depois de aprender a ler, foi aprender a fazer leitura silenciosa, como aquilo parecia abstrato e impossível para uma criança, que lia e sempre ficava preocupada com a entonação e o uso de interjeições.
Tem situações que nos fazem refletir sobre o domínio da leitura, mesmo que sem muito senso crítico como faço hoje, mas já é um bom começo. Poder ler algumas leituras na igreja, foi uma tarefa desafiadora e me fez começar a me preocupar de como eu precisava ter atenção para não falar errado e usar a correta entonação, afinal, eu falava para muita gente.
Não acho nossa língua fácil, é cheia de regras, de exceções, sofre mudanças que nem sempre acompanhamos mas, é linda e muito diversificada. E, com o advento do corretor ortográfico, muita gente começou a relaxar e deixar que os erros passassem batidos, o corretor que trabalhe por cada escrita!
A mensagem chega fácil pelo som mas, para uma música ser cantada, antes teve que haver uma letra escrita, que pode ser um deleite aos nossos ouvidos ou algo na categoria nada com coisa nenhuma, onde o que importa é apenas o ritmo e a batida.
Para um texto ser escrito num papel ou na tela do computador, já que muitos nem exercem mais o ato de escrever letra cursiva ou de forma, é requerido concatenação de ideias, organização dos pensamentos, obediência mínima às regras da língua e, ter entendimento dessa exposição que nem tudo mundo quer passar. Afinal somos julgados o tempo todo pelo que fazemos e escrevemos, faz parte.
Uma leitura boa também tem poderes que talvez nem nos apercebamos, pode ser uma grande viagem sem sair do lugar, como sempre acontece quando leio um livro novo, é uma sensação que não sei explicar o quanto é bom mas, vivencio da melhor forma que posso.
Sempre ouço os alunos dizerem que o ponto mais temido num vestibular é a redação, pois é hora de você provar que tem habilidade para colocar no papel o está dentro de sua cabeça e dá trabalho.
No meu caso, as questões subjetivas são sempre o que há de mais aterrorizador para os alunos em avaliações. Não é incomum a pergunta: Professora, o que a senhora está querendo perguntar nessa questão?
Entendo que quase contrariei nesse quesito no meu tempo de escola, achando que a parte mais fácil de uma prova sempre era a redação, a hora de ordenar as ideias e conseguir passa-las para um papel. Não achava que escrevia bem mas, via aquilo como uma coisa possível.
Poder ler uma bula, o rótulo de um alimento, já que não dá para não puxar a sardinha para a minha área quando escrevo muitos de meus textos, o nome de um ônibus, o título de um livro, a placa das ruas onde passamos, um cardápio num restaurante, as placas de sinalização de trânsito, é um ato mágico e muito empoderador!
Sei que a leitura é um ato solitário, que precisa trabalhar a concentração, que nem sempre é muito interessante, principalmente a leitura técnica, mas, se eu estou conseguindo juntar as letras e entender o significado do que está ali escrito, sou uma pessoa muito rica de possíveis conquistas.
E, nesse tempo de imagens reinando, comunicação abreviada, figuras representando os sentimentos, quando vemos um texto, a primeira coisa que muitos fazem é ver o tamanho para ver se farão ou não a leitura. Quase sempre os textos longos ficam de lado ou não são lidos na íntegra.
O que eu aprendi com a prática da leitura? Que sei que aumento meu vocabulário, crio opiniões e reflexões sobre muitos assuntos e, o melhor de tudo, não vejo o tempo passar, por exemplo na espera pelo atendimento médico, numa fila, num deslocamento de uma viagem ou numa tarde chuvosa super convidativa para nao sair fisicamente de casa, apenas em imaginação.
Flávia Guerra (06/06/17)
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