quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Boa tarde!

Gente, andei meio fora da área escritas mas, estava querendo muito vir aqui para dividir com vocês o texto que escrevi em homenagem à minha voinha que faleceu no último dia 24. Essa foto nossa foi tirada na única passada dela pela minha casa, há pouco mais de 7 anos, quando ela ainda estava bem fisicamente mas. já sem consciência!




A minha ninja centenária virou estrelinha

Se tem uma coisa que eu aprendi a valorizar na vida foi ter avó por muitos anos: uma viveu por 95 anos e a outra, por 101 anos e 2 meses, que seriam completados hoje! Acho a figura de avós muito importante. Agora, fico órfã desse parentesco de verdade!
Voinha Bé foi uma das figuras mais beijoqueira que eu já conheci na vida, tinha hora que a gente tinha que pedir para ela parar mas, ela negligenciava o comando e seguia na saga de beijar um por um, em cada encontro familiar...
Sempre foi um vó super coruja e adorava aumentar a minha auto-estima e de qualquer pessoa que perto dela chegasse. Ouvi muitas vezes o seu tão famoso comentário: Tá tão linda, minha filha! Era muito gostoso aquele carinho!
Voinha adorava uma folia, era festeira, "rueira", comilona, enjoada com algumas comidas, espontânea, sem filtros, teimosa, muito preocupada com todos, prestativa, sorridente e tinha outras qualidades. Ser guerreira, era, sem sombra de dúvidas, sua marca principal. Não acredito que vá encontrar outra pessoa assim na vida, era quase surreal a sua força!
Viveu muitos anos de sua vida dividindo com minha mamãe a corresponsabilidade de nos educar, nos ajudar, nos mostrar os bons caminhos e nos dar exemplos. Ela era, muitas vezes, um ponto de preocupação pelo fato ter fumado, bebido e morrer de medo de médicos e dentista!
Não conseguiu segurar algumas “barrigas” e, por isso, foi econômica na prole, tendo só uma filha biológica. Mas, Deus tratou de fazer seu genro ser, sem dúvidas, seu segundo filho. O amor deles era lindo de ver! Tenho certeza que foi providência divina esse encontro deles!
Tivemos muitos momentos tensos por causa de doença com ela, principalmente quando a idade avançou a cabeça começou a falhar. Foram muitas emoções, em especial, nos últimos dois anos dela daqui no nosso plano.
Com ela experimentei andar de ambulância pela primeira vez, entrei numa câmara hiperbárica, dei várias entradas em UPA (plano de saúde para uma pessoa com mais de 100 anos nem imagino quanto custe!), dormi em cadeira na hospital e, passei por outros percalços, que a velhice troxe.
Mas, eu e meus irmãos fizemos de tudo por ela como forma de retribuir tudo que ela faz por nós: cuidar, levar em escola, ceder às nossas chantagens, ir em festas escolares, passar horas em fila para marcar médico, tudo que estava ao seu alcance e ela fazia, sem nem reclamar!
Brinco até hoje que minha mãe teve quatro filhos, estrategicamente, que era para ajudá-la nesse período em que a mãe dela perdesse a sua autonomia, a gente seria útil. E nós fizemos exatamente o que era para ser feito: cuidamos dela como nossa bonequinha e poupamos mamãe de muitas situações que envolviam mais cuidado...
Vivenciamos alguns momentos de críticas por tê-la colocada num lar geriátrico há 4 anos e 4 meses atrás mas, não tenho dúvida que foi a alternativa mais acertada que tomamos com relação à sua qualidade de vida.
Lá, ela foi bem cuidada, teve nosso acompanhamento de perto e ainda nos permitiu conhecer outros idosos e tantas histórias de vida que, agora, também fazemos parte, de alguma forma. Conhecemos todos os moradores de lá nominalmente e, sempre nos sentimos acolhidos quando lá chegamos, foi a sua última morada e, tenho certeza que ela não achou ruim, até por que não tinha mais consciência!
Quem me conhece sabe que eu tinha, pelo menos, um encontro semanal com ela lá no lar, pois a saída dela ficou bem complexa com a falta de mobilidade. Acho que ela sentiu a energia boa que levamos na sua festinha de 100 anos e, sempre que lá estávamos.
Enfim, que nossa bonequinha siga na luz, na paz para o céu, encontrar seus irmãos, amigos e familiares que por lá estão. Tenho certeza que ontem a noite, no céu, brilhou mais uma estrelinha com uma força enorme, igual a dela!
Saudades sempre sentiremos mas, faz parte, saberemos administrar. Rezei muito por ela nesses últimos dias de convívio e ainda sinto o cheirinho de sua cabeça e o calor de sua mãozinha segurando minha mão.
Sei que cumpriu sua missão aqui na terra de forma plena e satisfatória e agora estará olhando por mim e por todos nós, lá de cima. A sua torcida pelo sucesso de todos nós que a conhecemos, nunca vai acabar, será eternizada e eu, sentirei sempre no meu coração!


Flávia Guerra (25/09/19)
  

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