Gente, andei meio fora da área escritas mas, estava querendo muito vir aqui para dividir com vocês o texto que escrevi em homenagem à minha voinha que faleceu no último dia 24. Essa foto nossa foi tirada na única passada dela pela minha casa, há pouco mais de 7 anos, quando ela ainda estava bem fisicamente mas. já sem consciência!
A minha ninja
centenária virou estrelinha
Se tem uma coisa que eu aprendi a
valorizar na vida foi ter avó por muitos anos: uma viveu por 95 anos e a outra,
por 101 anos e 2 meses, que seriam completados hoje! Acho a figura de avós muito
importante. Agora, fico órfã desse parentesco de verdade!
Voinha Bé foi uma das figuras
mais beijoqueira que eu já conheci na vida, tinha hora que a gente tinha que
pedir para ela parar mas, ela negligenciava o comando e seguia na saga de
beijar um por um, em cada encontro familiar...
Sempre foi um vó super coruja e
adorava aumentar a minha auto-estima e de qualquer pessoa que perto dela
chegasse. Ouvi muitas vezes o seu tão famoso comentário: Tá tão linda, minha
filha! Era muito gostoso aquele carinho!
Voinha adorava uma folia, era festeira,
"rueira", comilona, enjoada com algumas comidas, espontânea, sem filtros, teimosa,
muito preocupada com todos, prestativa, sorridente e tinha outras qualidades. Ser
guerreira, era, sem sombra de dúvidas, sua marca principal. Não acredito que vá encontrar outra pessoa
assim na vida, era quase surreal a sua força!
Viveu muitos anos de sua vida dividindo
com minha mamãe a corresponsabilidade de nos educar, nos ajudar, nos mostrar os bons
caminhos e nos dar exemplos. Ela era, muitas vezes, um ponto de preocupação pelo
fato ter fumado, bebido e morrer de medo de médicos e dentista!
Não conseguiu segurar algumas
“barrigas” e, por isso, foi econômica na prole, tendo só uma filha biológica. Mas, Deus
tratou de fazer seu genro ser, sem dúvidas, seu segundo filho. O amor deles era
lindo de ver! Tenho certeza que foi providência divina esse encontro deles!
Tivemos muitos momentos tensos
por causa de doença com ela, principalmente quando a idade avançou a cabeça
começou a falhar. Foram muitas emoções, em especial, nos últimos dois anos dela
daqui no nosso plano.
Com ela experimentei andar de
ambulância pela primeira vez, entrei numa câmara hiperbárica, dei várias
entradas em UPA (plano de saúde para uma pessoa com mais de 100 anos nem imagino quanto custe!), dormi em cadeira na hospital e, passei por outros percalços, que
a velhice troxe.
Mas, eu e meus irmãos fizemos de
tudo por ela como forma de retribuir tudo que ela faz por nós: cuidar, levar em
escola, ceder às nossas chantagens, ir em festas escolares, passar horas em
fila para marcar médico, tudo que estava ao seu alcance e ela fazia, sem nem
reclamar!
Brinco até hoje que minha mãe teve
quatro filhos, estrategicamente, que era para ajudá-la nesse período em que a
mãe dela perdesse a sua autonomia, a gente seria útil. E nós fizemos exatamente o que era para ser feito:
cuidamos dela como nossa bonequinha e poupamos mamãe de muitas situações que envolviam mais cuidado...
Vivenciamos alguns momentos de críticas
por tê-la colocada num lar geriátrico há 4 anos e 4 meses atrás mas, não tenho
dúvida que foi a alternativa mais acertada que tomamos com relação à sua
qualidade de vida.
Lá, ela foi bem cuidada, teve
nosso acompanhamento de perto e ainda nos permitiu conhecer outros idosos e
tantas histórias de vida que, agora, também fazemos parte, de alguma forma.
Conhecemos todos os moradores de lá nominalmente e, sempre nos sentimos acolhidos quando lá
chegamos, foi a sua última morada e, tenho certeza que ela não achou ruim, até por que não tinha mais consciência!
Quem me conhece sabe que eu
tinha, pelo menos, um encontro semanal com ela lá no lar, pois a saída dela
ficou bem complexa com a falta de mobilidade. Acho que ela sentiu a energia boa
que levamos na sua festinha de 100 anos e, sempre que lá estávamos.
Enfim, que nossa bonequinha siga
na luz, na paz para o céu, encontrar seus irmãos, amigos e familiares que por
lá estão. Tenho certeza que ontem a noite, no céu, brilhou mais uma estrelinha
com uma força enorme, igual a dela!
Saudades sempre sentiremos mas,
faz parte, saberemos administrar. Rezei muito por ela nesses últimos dias de
convívio e ainda sinto o cheirinho de sua cabeça e o calor de sua mãozinha segurando
minha mão.
Sei que cumpriu sua missão aqui
na terra de forma plena e satisfatória e agora estará olhando por mim e por
todos nós, lá de cima. A sua torcida pelo sucesso de todos nós que a conhecemos, nunca vai acabar,
será eternizada e eu, sentirei sempre no meu coração!
Flávia Guerra (25/09/19)
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