Fim de semestre sempre mexe com o humor dos professores. Recebo e-mails meio imorais de alguns alunos, reivindicações pouco consistentes e, por aí vai... Escrever sobre esse tema, não acaba o problema mas, ajuda a administrá-lo!
Para que filhos, se eu tenho alunos?
Maternidade nunca foi algo que mexesse muito comigo, acho que meu
instinto materno veio meio morto e com o avançar da idade, o que era uma
possibilidade de não acontecer, virou uma verdade e, tudo certo.
Acredito que nem toda mulher nasceu para ser mãe!
Mas, Deus me deu 6 sobrinhos e muitas amigas e amigos com filhos para eu
conviver e saber que a tarefa de ser mãe é a mais desafiadora que uma
mulher pode ter. Sei que os filhos promovem sensações maravilhosas mas,
também muitas preocupações...
Já havia dado aula particular antes de entrar na universidade e
vivenciei um pouco a relação de ser professora, só que de forma menos
comprometida, sem correção de provas, sem orientação de TCC, sem sistema
para alimentar, só as aulas, alguns dias na semana.
Isso foi meu estágio para, posteriormente, realmente assumir minha vida
de professora, primeiro de curso técnico, depois em universidade, onde
estou até os dias atuais, totalizando 18 anos de docência em ensino
superior no próximo semestre.
Vivo avaliando a postura dos alunos e de como o interesse por tudo que
levamos para sala de aula para deles está diminuindo com o passar dos
tempos... A gente dá aula para 35 alunos e tem certeza que uns 5, no
máximo 10, realmente estão prestando atenção ao
que se fala, é bem frustrante...
Nunca fui uma aluna CDF mas, eu gostava de prestar atenção nas aulas,
acho que o que o professor tem de experiência vale mais do que os livros
nos oferecem. Tive muito professores que não trabalhavam na área que
lecionavam e isso era ruim, todas as aulas eram
baseadas nas referências teóricas!
Tenho 3 tipos de alunos bem característicos em sala: os muito ativos,
questionadores e participativos, que são em quem eu me agarro para
seguir na vida de professora, os completamente apáticos, que entram
mudos e saem calados, os famosos ”nem fedem, nem cheiram”
e aqueles muito ruins, que sempre tem posturas pouco significativas e
agregadoras.
Na verdade, existem muitos tipos de alunos mas, para simplificar a minha
vida, fiz logo 3 grupões, esses já são suficientes para falar sobre o
que quero dizer... Vejo como os adolescentes são todos iguais mas, os
adultos estão reproduzindo esse comportamento...
Como dou aula no ensino superior, lido muito mais com adultos, que
andam sendo bem imaturos ou enrolões no ambiente de universidade!
Muitos alunos só fazem tudo que se pede na última hora, sempre estão
atrapalhados com outras atividades que não são tão importantes e as
atividades acadêmicas são as últimas a serem realizadas, o que óbvio,
compromete a qualidade do que está sendo feito. Nunca
vi tanta gente que não trabalha que nunca tem tempo para nada!
Eles sabem dos prazos mas, no dia da entrega estão sempre questionando
se ele vai ser cumprido mesmo, vivencio isso todo semestre,
principalmente na entrega de TCC, que aí são alunos concluintes e, que
precisam de disciplina para finalizar o curso!
Adoram ficar calado, sem ser percebidos por nós e, muitas vezes, só
chegam junto para reclamar de uma nota errada, para solicitar algo fora
do prazo ou para pedir de uma ajuda na nota final, quando não passam por
média... Tem aluno que é tão apático que, quando
me procura, eu preciso de muito esforço para saber quem é!
Vejo isso tudo com muita tristeza, sei que é daí para pior, o
comprometimento desses alunos é algo que me incomoda e preocupa! Se a
nota de trabalho foi boa, o mérito é todo deles, você pode até ser
"esquecido" mas, se a nota foi ruim, eles abrem logo o bocão
para falar mal do professor... O discurso mais comum: mais o nosso
orientador não nos deu suporte, a gente ficou solto e, por aí vai a
ladainha...
Eles sabem de suas obrigações, de seus prazos mas, vivem apelando para o
professor quando não conseguem, na maioria das vezes, por falta de
planejamento do tempo. É difícil ter tempo para ler o assunto de tantas
disciplinas com tantas redes sociais para administrar,
né gente? Eles andam meio sem saber como administrar a imensidão de
possibilidades da net!
Espero sempre que as coisas melhorem mas, nesse ponto, confesso, que
ando bem pessimista e desmotivada! Que esses alunos sejam mais
comprometidos, já que, não posso usar de autoridade de mãe, só de
professora com eles! E ontem, vendo o depoimento de algumas
colegas de trabalho, vejo que o problema começa cedo, ainda no ensino
médio, aí as mães podem usar de sua autoridade e seus diferentes
"métodos" para tentar solucionar esse problema...
Flávia Guerra (21/06/19)